quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

MARIA LUÍSA ARNAUD


Outro caso célebre foi o de Maria Luísa Arnaud, que foi curada instantaneamente de disseminada esclerose, quando jazia em sua padiola em frente à Gruta. Esta moléstia, geralmente considerada incurável, é ocasionada por algumas inflamações que ocorrem em diferentes partes do cérebro ou corda espinal. Geralmente começa com fraqueza nos membro, em seguida incoordenação muscular e vista vacilante. Essas inflamações espalham-se e a moléstia é quase sempre fatal.
Com a Senhorita Arnaud os primeiros sintomas aparaceram com dores nas pernas, quedas frequentes sem razão aparente, violentas dores de cabeça e impossibilidade de usar devidamente as mãos. Não podia costurar, nem tricotar, sua escrita tornou-se quase indecifrável, a leitura cada vez mais difícil.
Dois médicos, Dr. Boudet e Dr. Rimbaud de Montpellier (cidade onde morava), examinaram-na e o diagnóstico foi idêntico: esclerose disseminada. Perdeu peso rapidamente, podia andar somente quando amparada por alguém, tinha frequentes ataques de vertigens e sua visão estava muito embaralhada. Nenhum tratamento parecia ajudar e julgava-se a morte certa.
Católica devota e sabendo que do ponto de vista humano seu caso era desesperador, decidiu ingressar na Peregrinação Nacional Francesa a Lourdes. O Dr. Boudet fez seu certificado. Ela viajou em uma padiola, atendida por uma enfermeira a todo momento. Quando chegou a Lourdes, estava tão mal que no segundo dia foi levada só à procissão da tarde! O fato de ter sido transportada em uma padiola aumentou sua tontura. Parecia estar próxima do fim.
Vinte e três de agosto era o aniversário da morte do irmão. Pediu para ser levada à Gruta aquela manhã, querendo ofertar sua Comunhão para ele. Quando o padre subiu ao púlpito, pediu que os doentes procurassem esquecer seus males por alguns momentos e orassem pelos mortos, a Senhorita Arnaud espantou-se com a coincidência e começou a rezar ardorosamente. Após receber a Comunhão chorou baixinho pensando no irmão a quem tanto estimara e, como relata, "completamente esquecida de mim e de minha doença".
Virando a cabeça no travesseiro para esconder as lágrimas, "fiquei surpresa (disse) de sentir distintamente a forma do meu chinelo direito pousado no meu pé esquerdo - porque as sensações tinham sido completamente embotadas pela minha doença. Abri os olhos. Em minha frente tudo estava firme (onde antes tudo parecia oscilar e tremular). Podia ver perfeitamente.
Tudo isso aconteceu como um relâmpago, quando a Sagrada Hóstia estava ainda em minha língua.
Com os dedos podia rezar o rosário; sentei-me sem cair para a direita, como costumava acontecer.
As sensações voltaram para as minhas pernas e os membros agora pareciam obedecer à minha vontade...
Às doze horas estava de volta ao hospital. Uma das senhoras perguntou-me: - Bem, como vai passando? - Curada eu creio, respondi. A padiola foi descida e eu levantei e andei... Às duas horas fui levada à Corporação Médica. Aquela mesma noite dormi um sono só, calma e tranquilamente. Não tinha uma noite assim há vinte meses.
Na tarde seguinte ela iniciou a viagem de regresso a Montpellier. Passou a maior parte da noite no trem, de pé, ajudando os doentes.
Na Corporação os médicos não acharam nada anormal nela, exceto uma ausência de reflexos abdominais e exageros dos reflexos do joelho e tornozelo. Seus olhos estavam perfeitamente normais. Entretanto com a usual cautela a Corporação não declarou a cura antes de provada pelo tempo.
No ano seguinte a Senhorita Arnaud voltou a Lourdes trazendo consigo outro certificado do Dr. Boudet em que ele dizia: "Tenho visto a Senhorita Arnaud várias vezes desde seu regresso de Lourdes. Atualmente não há nem vertigens ou perda de consciência, nem dor de cabeça ou dor nas costas, nem contrações ou tremores, nem nistagmos (oscilação do globo ocular). Escrita fácil e normal, nenhuma dificuldade coms os esfincteres, o reflexo de Babinski está normal. Os reflexos do tornozelo e do joelho permanecem avivados - o único sinal remanescente da antiga doença".
Outra carta recebida do Dr. Boudet vários anos depois afirmava que apesar de muitas dificuldades na família, a Senhorita Arnaud pôde desde sua cura há oito anos levar uma vida ativa. Não houve qualquer retorno dos sintomas anteriores. Sua escrita pouco antes e logo depois de sua cura serve de interessante ilustração para as observações de um médico.


Cranston, Ruth. O Milagre de Lourdes. S. Paulo: Melhoramentos, s.d., pp. 103-105

Um comentário: