quarta-feira, 12 de maio de 2010

JOAQUINA DEHANT - milagre reconhecido n. 9



Também nos primeiros dias deu-se a sensacional cura de Joaquina Dehant. Ela tinha vinte e nove anos e sofreu durante doze anos de uma horrível úlcera na sua perna direita.
Joaquina veio de Gesves na Bélgica. O Dr. Marique e o Dr. Froidebise que a tratavam lá, forneceram detalhes preciosos em seus certificados descrevendo seu estado quando partiu para Lourdes.
Afirmavam que se encontrava em sua perna direita uma úlcera de doze polegadas de comprimento e seis de largura, até o osso. Durante esses anos os músculos da perna tinham sido destruídos em parte, tinha também osteonecrose. A ferida deitava constantemente pus malcheiroso. O pé, faltando-lhe qualquer apoio, estava torto, a junta dos joelhos estava petrificada. [...] No trem, o odor da ferida causou náuseas a todos.
Mas Joaquina estava tão certa de que seria curada em Lourdes, que levou um par de calçados para quando voltasse. Chegando a Lourdes foi levada para a Gruta e sua perna foi banhada na água do tanque por meia hora. De nada valeu. Sem perder as esperanças, voltou horas mais tarde, e mergulhou a perna outra meia hora. Foi tomada por uma dor alucinante, mas depois uma sensação de descanso e o desaparecimento de todo sofrimento. A ferida estava completamente curada, recoberta pela pele, restanto apenas uma cicatriz.
A Srta. Dorval que acompanhou Joaquina aos banhos, o Abade Devos que dela cuidou no trem, e muitos romeiros que a tinham evitado, todos verificaram sua rápida e radical mudança.
A perna direita retomou sua forma reta e normal, servindo na sua antiga função.
Quando Joaquina desceu em Gesves em sua viagem de regresso, usava seus calaçados e andava tão bem como qualquer um. Ela já fez quarenta e cinco peregrinações de agradecimento a Lourdes desde sua cura, sempre com a melhor das disposições.
A Igreja inclui Joaquina Dehant como umas de suas cinquenta e uma [à época da publicação do livro, em meados dos anos 1950] curas miraculosas comprovadas.


Fonte: Cranston, Ruth. O milagre de Lourdes. trad. Ricardo Azzi.
São Paulo, Ed. Melhoramentos, s.d., pp. 23-24

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A PRIMEIRA CURA EM LOURDES [milagre reconhecido n. 5]

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Um dos primeiros a abandonar seu ceticismo primitivo foi o próprio médico de Bernadete, Dr. Dozous.
O Dr. Dozous era uma pessoa que dificilmente se esperava encontrar numa aldeiazinha monstanhosa francesa no meio do século dezenove.
Quando surgiram os primeiros rumores sobre a jovem Soubirous, estava ele tão incrédulo como os outros da localidade. Mas Douzous era realmente um cientista e, antes de formar uma opinião, resolveu investigar.
Ele foi à Gruta com seu cronômetro - o único instrumento científico à mão de que dispunha - para observar Bernadete em suas visões. A beleza sobrenatural de seu rosto, durante aqueles períosos de êxtase, causou-lhe viva impressão.
Depois desta primeira experiência, continuou a ir lá vigiá-la diariamente. Cronometrou seus estados psicológicos e cuidadosamente anotou suas observações.
Seus trabalhos foram recompensados, pois enquanto a observava presenciou um dos primeiros milagres de Lourdes. Este verificou-se em outro de seus pacientes, uma criança vizinha de Bernadete, Luís Justino Bouhohorts.
Luís Justino tinha dezoite meses. A mãe de Bernadete foi muitas vezes chamada por aquela mãe desesperada para auxiliá-la durante os terríveis ataques de que era vítima seu filho. O pobrezinho tinha uma doença que lhe paralisara completamente as pernas. O Dr. Douzous em suas notas sobre o caso dizia: - O diagnóstico vacila entre meningite e poliomielite.
O coitadinho não podia andar, ficar de pé ou sentar-se. Tinha convulsões violentas e febre alta com seríssimos ataques progressivos. O médico dizia: - É uma questão de horas,
A criança, no seu berço, gemia e respirava ofegante. A mãe tentava auxiliá-lo, porém o pai repelia: - Deixa-o. Não vês que agoniza?
Ele foi procurar uma vizinha para providenciar o enterro. Esta vizinha não demorou a a chegar com a mortalha. Mas a mãe não desistia.
Em dado momento, arrebatou a criança do berço, enrolou-a em seu avental e correu em direção à Gruta.
Encontrou a piscina que os operários tinham cavado alguns dias antes e naquela água gelada mergulhou o filho até a altura do pescoço por quinze minutos. Os vizinhos presenciaram a cena boquiabertos. O Dr. Douzous, que lá estava com seu cronômetro observando Bernadete, contou também os minutos em que o menino da Senhora Bouhohorts ficou na água; quando ela o tirou da piscina estava rígido e azulado.
Sua mãe levou-o para casa e colocou-o novamente no berço. Ao vê-lo, o pai disse asperamente: - Como é, está feliz agora? Acabou de matá-lo?
A mãe ajoelhou-se e rezou ao lado da caminha. Após alguns instantes, puxou a manga do paletó do marido. - Veja, ele respira!
E a criança estava respirando, pausada e normalmente. Adormeceu e teve uma ótima noite. Na manhã seguinte sua mãe narrou que ele desjejuou bem e ela colocou-o de novo no leito enquanto arrumava a casa. Mais tarde, ouviu um barulhinho atrás de si, olhou e viu que era Luís Justino. Tinha saltado do berço e estava andando, cambaleando com o passo curto e incerto como é normal em qualquer criança daquela idade.
Naquele mesmo dia o Dr. Dozous e o Dr. Lecrampe o examinaram, o primeiro colsultando suas anotações relativas ao caso. - "Examinei esta criança há três dias", disse. "Nenhuma melhora estão. Escrevi aqui: Paralisia da coxa. Dei-lhe doze horas de vida. Entretanto aqui está ele andando."
- Sim, sim, vá a Lourdes, dizia o Professor Pitrès. - Você verá lá ótimos exemplos de auto-sugestão, com bastante flores, velas, incenso, preces coletivas, etc.
Mas para Luís Justino Bouhogorts não havia flores, nem cantos, nem preces, nem incenso. Só alguns curiosos mais ou menos céticos e um médico observador, e este era completamente descrente. - E tinha dezoito meses de idade. É impossível que com dezoito meses se faça um ato de fé ou seja sujeito a auto-sugestão?
O caso do menino Bouhohorts calou fundo no Dr. Dozous. Foi uma das primeiras testemunhas médicas a presenciar um milagre em Lourdes e é considerado como o primeiro médico a trabalhar no estudo científico dos milagres.
Uma consequência interessante desta história. Luís Justino Bouhohorts, com a idade de setenta e sete anos, foi um dos convidados de honra na grande cerimônia da canonização de Santa Bernadete na cidade de Roma em 1933. Ele devia-lhe sua longa e sadia vida.
Fonte: Cranston, Ruth. O milagre de Lourdes. trad. Ricardo Azzi.
São Paulo, Ed. Melhoramentos, s.d., pp. 21-23

LOUIZ BOURIETTE - história de uma cura



Cura Instantânea do Olho de Louiz Bouriette [cura reconhecida n. 2]

No dia 2 de fevereiro de 1858, o velho Louiz Bouriette trabalhava como empreiteiro numa pedreira, na comarca da própria Lourdes. Acidentalmente, por uma explosão, perde o olho direiro. Perda total da substância do olho. Lesões profundas ao redor.
Sem dúvidas impressionado pelo surgimento da água que brotava no dia anterior, até hoje, junto à gruta de Massabielle, Louiz Bouriette estava convencido de que aquela água seria sinal de curas milagrosas e que Nossa Senhora alcançaria precisamente a recuperação do olho que ele havia perdido um mês antes. Pediu à filha que lhe trouxesse um pouco daquela água.
A filha trouxe-lhe àgua ainda turva. Louiz Bouriette com ajuda da filha banhou o local onde estivera seu olho direito... E o recuperou instantâneamente!
E a "marca", tão típica da griffe Lourdes: "Alias, a cura milagrosa não havia feito desaparecer (completamente) os sinais profundos, nem as cicatrizes (antes) terríveis ocasionadas pelo acidente, de modo que todos podiam verificar o milagre" naqueles restos ou "marca.


Fonte:
Os Milagres e a Ciência - Pe. Oscar G. Quevedo, SJ - pag. 340 - Edições Loyola - Ano 2000;
Lassere, Henri, Notre-Dame, Paris, 1869. Tradução de Melgar, Francisco, "Nuestra Señora de Lourdes", Madrid Librería de D. Miguel Olamendi, s.d.

JOHN TRAYNOR - história de uma cura



Nascido em Liverpool, Inglaterra, John Traynor foi ferido na cabeça durante a Primeira Guerra Mundial, por um estilhaço de granada. Ficou cinco semanas desacordado. Recuperado, meses depois voltou ao front. Na batalha de Dardanelles foi atingido por uma rajada de metralhadora enquanto participava de um ataque a baioneta. Recebeu um ferimento na cabeça outra vez e uma bala alojou-se em sua clavícula.
Resultado final: braço direito paralisado, músculos atrofiados, perna parcialmente paralisada e convulsões.
Muito embora tenha sido operado diversas vezes, continuou com seus problemas e foi aposentado com a totalidade de seu soldo militar, como permanentemente deficiente e dependente de ajuda para sair e para voltar ao leito.
Cinco anos após o término dos conflitos, ainda muito doente e debilitado, Traynor ouviu falar que a diocese de Liverpool estava organizando uma peregrinação a Lourdes. Resolveu participar, esperançoso. Durante a viagem de trem quase foi deixado em algum hospital, devido ao seu estado de saúde. Já em Lourdes, ficou localizado no Asilo local, onde conseguiu a ajuda de duas jovens protestantes de Liverpool, que prestavam assistência como voluntárias. Estava tão mal que uma senhora não só prontificou-se a escrever à sua esposa, informando que ele seria enterrado em Lourdes mesmo, como chegou a fazê-lo.
Durante sua estadia em Lourdes, por ocasião dessa peregrinação, banhou-se nove vezes nas águas trazidas da gruta de Massabielle para o Asilo em garrafas ou baldes, e era levado a todas as cerimônias nas quais os doentes eram agrupados. Face à sua debilitação geral, seus padioleiros estavam ficando relutantes em levá-lo, porque achavam que ele acabaria morrendo.
Na tarde de 25 de julho, quando estava mergulhado no banho, sentiu sua perna bastante agitada. Tentou ficar em pé, mas os padioleiros impediram. Vestiram-no rapidamente e levaram-no para a Praça do Rosário, para a bênção dos enfermos. Ele mesmo escreveu a respeito desses momentos:
“A procissão veio vindo tortuosa de volta para a igreja, como era costumeiro. No final dela estava o Arcebispo de Rheims, todo paramentado, levando o Santo Sacramento. Ele abençoou os dois à minha frente, chegou até mim, fez o sinal da cruz com o ostensório e continuou para outros. Ele mal havia passado quando notei uma grande mudança em mim. Meu braço direito, que estava morto desde 1915, ficou agitado violentamente. Tirei suas ataduras e me benzi pela primeira vez em anos. Não senti nenhuma dor súbita nem tive visão alguma. Simplesmente percebi que algo importante havia acontecido comigo. Tentei levantar-me de minha maca, mas meus padioleiros estavam me observando. Eles me seguraram e um médico e uma enfermeira deram-me um sedativo. Logo após a benção final, levaram-me de volta para o Asilo. Eu lhes disse que poderia andar e provei, dando sete passos. Fiquei muito cansado e com dores.”
Traynor continua:
“Haviam me colocado numa ala pequena no nível do chão. Como eu era considerado o caso de um notório criador de situações, colocaram padioleiros em turnos contínuos, a fim de impedir que eu fizesse qualquer loucura. O efeito dos calmantes foi passando durante a noite, mas eu não tinha um entendimento pleno de que estava curado durante a noite. O carrilhão da Basílica marcava as horas e meias horas, como de costume, durante a noite, tocando a Ave Maria de Lourdes. Logo cedo eu os ouvi tocando e me pareceu que eu havia adormecido no início do Ave. Pode ter sido uma questão de segundos, mas no último toque abri meus olhos e saltei da cama.......... Corri para a porta, empurrei para os lados os dois padioleiros e corri para o ar livre. ........Posso dizer que eu não havia caminhado desde 1915 e meu peso girava em torno de 52 quilos.”
“Já do lado de fora, corri para a Gruta, que ficava a uns 200 ou 300 metros do Asilo. O trecho era pedregulhado, então, e não asfaltado, e eu estava descalço. Os padioleiros corriam atrás de mim, mas não conseguiam me alcançar. Quando cheguei na gruta, fiquei de joelhos, ainda de pijamas, rezando para Nossa Senhora e agradecendo.”
Uma multidão juntou-se ao seu redor enquanto orava na gruta. Depois de mais ou menos 20 minutos de agradecimentos e orações, levantou-se e ficou surpreso com a multidão que havia atraído. Essa surpresa continuou em sua volta ao Asilo e em sua viagem de volta a Liverpool. Ele não se dava conta do que realmente havia acontecido. Só podia dizer que se sentia bem – muito bem... apesar de ter estado diversas vezes à porta da morte.
Durante a viagem de volta, o Arcebispo de Liverpool, que coordenava toda a peregrinação, foi visitá-lo em sua cabine de primeira classe (que ele nunca entendeu como fora possível nela estar alojado, pobre que era).
Pediu a bênção do Arcebispo, beijando seu anel, mas o prelado disse: “John, eu acho que eu é que deveria ser abençoado por você”.
John admirou-se da afirmação do prelado, sem entender bem seu real significado.
Ambos sentaram-se lado a lado. O Arcebispo, olhando-o bem nos olhos perguntou: “Você lembra como você estava doente? Você percebe que foi curado milagrosamente pela Virgem Santa?”
Num instante ele rememorou seus anos de sofrimentos, sua viagem quase fatídica para Lourdes e, ainda olhando os olhos do Arcebispo, começou a chorar, o que muito comoveu o sacerdote, que também começou a chorar. E lá ficaram os dois chorando como duas crianças, percebendo às claras o que havia acontecido.
Quando da chegada do trem a Liverpool, a imprensa já havia noticiado tudo a respeito de sua cura milagrosa. Sua esposa dirigiu-se ao guarda da estação, que já estava lotada, para poder entrar e informou quem era. “... Bom, disse o guarda, o que eu posso dizer é que esse Traynor deve ser um maometano, porque há umas setenta ou oitenta senhoras Traynor na plataforma”...
Depois de todo o estardalhaço de sua chegada de trem e passados os primeiros meses de fortalecimento físico e de ajustamento à nova situação, Traynor entrou para o negócio de carreto do carvão, não tendo problema algum para levantar sacos de até 100 quilos de material.
E em agradecimento a Nossa Senhora de Lourdes, deixou de fumar e manteve uma ida a Lourdes todo ano, atuando como padioleiro.

GABRIEL GARGAM - história de uma cura



Trata-se de um dos casos mais famosos dentre as milhares de pessoas curadas em Lourdes. Nascido em 1870, trabalhava nos correios, quando o trem no qual viajava colidiu com outro numa velocidade de 70 quilómetros por hora. Ele foi jogado a uma distância de quase 30 metros do trem e ficou desacordado na neve, inconsciente por sete horas, com uma lesão séria na espinha dorsal. Ficara paraplégico. Em sete meses de hospitalização parecia um esqueleto. Alimentava-se apenas por tubo a cada 24 horas. No processo indenizatório ficou muito claro que tinha uma lesão permanente.
Com a indenização conseguia pagar duas auxiliares de enfermagem para ajudá-lo dia e noite.
Só dois anos após o acidente, por insistência de sua mãe, concordou em ir a Lourdes. Estava tão enfraquecido que quase morreu durante a viagem de trem. No Santuário, ele seguiu todas as orientações dadas, foi mergulhado no tanque de águas consideradas milagrosas, mas sem efeito algum. Pior ainda, o esforço levou-o a desmaiar e lá foi deixado na maca como morto. Consternados, seus acompanhantes foram voltando para o hotel, para preparar seu funeral, mas no caminho, no sentido contrário pela pequena rua, vinha vindo a procissão do Santo Sacramento. O grupo colocou-se ao lado para a procissão passar, cobrindo o rosto do “falecido” com o lençol.
O sacerdote parou, voltou-se para o grupinho triste que cercava a maca com o corpo e deu-lhes uma benção com o ostensório.
Logo houve um movimento sob o lençol e o “corpo” ficou sentado. Para espanto geral, Gabriel Gargam disse, num tom convincente, que queria levantar-se. De fato, levantou-se, manteve-se de pé, deu alguns passos e disse que estava curado. Como estava vestido apenas com uma camisola hospitalar, foi levado de volta ao hotel onde vestiu-se e saiu andando, como se nada tivesse acontecido. Com quase dois anos sem alimentação sólida, sentou-se à mesa do refeitório do hotel e comeu uma refeição normal.
Foi em 20 de agosto de 1901 que Gargam foi examinado em Lourdes por seis médicos renomados da Comissão Médica e dado como curado.
Em agradecimento a Deus e à Imaculada Conceição, dedicou o resto de sua vida à assistência aos “inválidos” em Lourdes, como “padioleiro”.
Morreu com 83 anos de idade.

Milagres com a Procissão Eucarística e outros


No dia 22 de agosto de 1888 às 4 horas da tarde, realizou-se por primeira vez em Lourdes a procissão com a bênção dos enfermos com o Santíssimo Sacramento. Foi um sacerdote quem propôs esta iniciativa piedosa e desde então não foi nunca deixada. Nesse mesmo dia, quando os doentes foram abençoados com o Santíssimo diante da gruta das aparições da Virgem, Pedro Delanoy, que durante anos vinha sofrendo de ataraxia (doença que impede a coordenação dos movimentos voluntários e que conduz seguramente à morte), ficou curado instantaneamente quando o Ostensório passou. Era o primeiro Milagre Eucarístico que ocorria em Lourdes. Daquela dia em diante, nunca mais deixou-se de realizar a procissão Eucarística para os doentes.

















Catherine Latapie, primeiro milagre reconhecido de Lourdes [milagre reconhecido n. 1]















Anna Santaniello na época do milagre e 50 anos depois, em 2005 já com 94 anos. [milagre reconhecido n. 67]
















A senhora Marie Fabre ficou curada de uma forte dispepsia e de uma enterite nas membranas mucosas no momento em que o Santíssimo Sacramento passou. Essa situação a impedia de alimentar-se normalmente e lhe causava anemia. [milagre reconhecido n. 40]







Frei Léo Shwager ficou curado de uma gravíssima esclerose muscular no momento em que o Santíssimo Sacramento passou. [milagre reconhecido n.57]
















A senhorita Marie Bigot estava quase cega e surda, mas recuperou a vista e a audição no momento em que o Santíssimo Sacramento passou. [milagre reconhecido n. 59]


A senhorita Marie-Therése Canin ficou curada de uma tuberculose no momento em que o Santíssimo Sacramento passou. [milagre reconhecido n. 50]





















A senhorita Louise Jamain ficou de uma tuberculose pulmonar e intestinal no momento em que o Santíssimo Sacramento passou. [milagre reconhecido n. 44]




Alice Couteoul ficou curada de uma esclerose muscular no momento em que o Santíssimo Sacramento passou. [milagre reconhecido n. 58]


Sor Maria Margarida sarou de uma doença nos rins incurável quando o Santíssimo Sacramento passou. [milagre reconhecido n. 43]

MILAGRES DE LOURDES RECONHECIDOS PELA IGREJA

67 milagres de Lourdes foram proclamados oficialmente pela Igreja.
Mais de 7.200 curas foram qualificadas de inexplicáveis pela ciência. Os bispos decidirão se as reconhecem canonicamente como milagre.
Mais de 300 milhões de peregrinos visitaram Lourdes desde 1848.
Entre esses, 20 milhões de doentes.
Eis a lista dos 67.

Em 1º lugar o nome e local de residência; 2º) a doença curada; 3º) idade do doente e data da cura; 4º) diocese e data do reconhecimento do milagre.

1. Sra. Catherine Latapie, apelidada Chouat, de Loubajac (França). Paralisia havia 18 meses. Por volta de 38 anos, no dia 01-03-1858. Tarbes, 18-01-1862.

2. Sr. Louis Bouriette, de Lourdes (França). Perda da vista havia 20 anos. 54 anos em março de 1858. Tarbes, 18-01-1862.

3. Sra. Blaisette Cazenave, (nascida Soupène), de Lourdes (França). Oftalmia crônica havia 3 anos. Por volta de 50 anos, março de 1858. Tarbes, 18-01-1862.

4. Sr. Henri Busquet, de Nay (França). Adenite com úlcera havia 15 meses. Por volta de 15 anos, em 28-04-1858. Tarbes, 18-01-1862.

5. Sr. Justin Bouhort, de Lourdes (França). Atraso de desenvolvimento e consumição física. 2 anos em 06-07-1858. Tarbes, 18-01-1862.

6. Sra. Madeleine Rizan, de Nay (França). Hemiplegia do lado esquerdo havia 24 anos. 58 anos aproximadamente em 17-10-1858. Tarbes, 18-01-1862.

7. Srta. Marie Moreau, de Tartas (França). Perda da vista com lesões inflamatórias havia 10 meses. 17 anos aproximadamente em 09-11-1858. Tarbes, 18-01-1862.

8. Sr. Pierre de Rudder, de Jabbeke (Bélgica). Fratura exposta da perna esquerda com seudo-artrose. 52 anos em 07-04-1875. Bruges (Bélgica) 25-07-1908.

9. Srta. Joachime Dehant, de Gesves (Bélgica). Ulcera da perna direita com gangrena muito desenvolvida. 29 anos em 13-09-1878. Namur (Bélgica) 25-04-1908.

10. Srta. Elisa Seisson, de Rognonas (França). Hipertrofia do coração com edemas nos membros inferiores. 27 anos em 29-08-1882. Aix-en-Provence 02-07-1912.

11. Irmã Eugenia, (Marie Mabille), de Bernay (França). Abscesso com fístulas, flebite. 28 anos em 21-08-1883. Evreux 30-08-1908.

12. Irmã Julienne, (Aline Bruyère), de La Roque (França). Tuberculose pulmonar. 25 anos em 01-09-1889. Tulle 07-03-1912.

13. Irmã Joséphine-Marie, (Anne Jourdain), de Goincourt (França). Tuberculose pulmonar. 36 anos em 21-08-1890. Beauvais 10-10-1908.

14. Srta. Amélie Chagnon, (Religiosa do Sagrado Coração em 25-09-1894), de Poitiers (França). Osteoartrite tuberculosa no joelho e no pé. 17 anos em 21-08-1891. Tournai (Bélgica) 08-09-1910.

15. Srta. Clémentine Trouvé, (Irmã Agnès-Marie), de Rouille (França). Osteoperiostite do pé direito com flebite. 14 anos em 21-08-1891. Paris 06-06-1908.

16. Srta. Marie Lebranchu, (Sra. Wuiplier), de Paris (França). Tuberculose pulmonar. 35 anos em 20-08-1892. Paris 06-06-1908.

17. Srta. Marie Lemarchand, (Sra. Authier), de Caen (França). Tuberculose pulmonar com úlceras no rosto e na perna. 18 anos em 21-08-1892. Paris 06-06-1908.
18. Srta. Elise Lesage, de Bucquoy (França). Osteoartrite tuberculosa do joelho. 18 anos em 21-08-1892. Arras 04-02-1908.

19. Irmã Maria da Apresentação, (Sylvanie Delporte), de Lille (França). Gastrenterite crônica tuberculosa. 46 anos em 29-08-1892. Cambrai 15-08-1908.

20. Padre Cirette, de Beaumontel (França). Esclerose espinal. 46 anos em 31-08-1893. Evreux 11-02-1907.

21. Srta. Aurélie Huprelle, de Saint-Martin-le-Noeud (França). Tuberculose pulmonar aguda. 26 anos em 21-08-1895. Beauvais 01-05-1908.

22. Srta. Esther Brachmann, de Paris (França). Peritonite tuberculosa. 15 anos em 21-08-1896. Paris 06-06-1908.

23. Srta. Jeanne Tulasne, de Tours (França). Mal de Pott lombar. 20 anos em 08-09-1897. Tours 27-10-1907.

24. Srta. Clémentine Malot, de Gaudechart (França). Tuberculose pulmonar. 25 anos em 21-08-1898. Beauvais 01-11-1908.

25. Sra. Rose François, (nascida Labreuvoies), de Paris (França). Fleimão com fístulas no braço direito e enorme edema. 36 anos em 20-08-1899. Paris 06-06-1908.

26. Padre Salvador, de Rouelle (França). Peritonite tuberculosa. 38 anos em 25-06-1900. Rennes 01-07-1908.

27. Irmã Maximilien, (Religiosa da Esperança) de Marselha (França). Quisto no fígado e flebite na perna esquerda. 43 anos em 20-05-1901. Marselha 05-02-1908.
28. Srta. Marie Savoye, de Cateau-Cambresis (França). Doença mitral reumática descompensada. 24 anos em 20-09-1901. Cambrai 15-08-1908.

29. Sra. Johanna Bézenac, (nascida Dubos), de Saint-Laurent-des-Bâtons (França). Caquexia de origem desconhecida e impetigo. 28 anos em 08-08-1904. Périgueux 02-07-1908.

30. Irmã Saint-Hilaire, (Lucie Jupin), de Peyreleau (França) Tumor abdominal. 39 anos em 20-08-1904. Rodez 10-05-1908.

31. Irmã Sainte-Béatrix, (Rosalie Vildier), d’Evreux (França). Laringobronquite tuberculosa. 42 anos em 31-08-1904. Evreux 25-03-1908.

32. Srta. Marie-Thérèse Noblet, d’Avenay (França). Mal de Pott. 15 anos em 31-08-1905. Reims 11-02-1908.

33. Srta. Cécile Douville de Franssu, de Tournai (Bélgica). Peritonite tuberculosa. 19 anos em 21-09-1905. Versailles 08-12-1909.

34. Srta. Antonia Moulin, de Vienne (França). Fistula no fêmur direito e artrite no joelho. 30 anos em 10-08-1907. Grenoble 06-11-1910.

35. Srta. Marie Borel, de Mende (França). Seis fístulas nas regiões lombar e abdominal. 27 anos em 21/22-08-1907. Mende 04-06-1911.
36. Srta. Virginie Haudebourg, de Lons-le-Saulnier Cistite tuberculosa e nefrite. 22 anos em 17-05-1908. Saint-Claude 25-11-1912. (França).

37. Sra. Marie Biré, (nascida Lucas), de Sainte-Gemme-la-Plaine (França). Cegueira de origem cerebral e atrofia papilar bilateral. 41 anos em 05-08-1908. Luçon 30-07-1910.

38. Srta. Aimée Allope, de Vern (França). Numerosos abscessos tuberculosos, quatro dos quais com fístula. 37 anos em 28-05-1909. Angers 05-08-1910.

39. Srta. Juliette Orion, de Saint-Hilaire-de- Voust (França). Tuberculose pulmonar e da laringe. 24 anos em 22-07-1910. Luçon 18-10-1913.

40. Sra. Marie Fabre, de Montredon (França). Enterite, dispepsia e prolapso uterino. 32 anos em 26-09-1911. Cahors 08-09-1912.

41. Srta. Henriette Bressolles, de Nice (França). Mal de Pott, paraplégica. 28 anos aproximadamente em 03-07-1924. Nice 04-06-1957.

42. Srta. Brosse Lydia, de Saint-Raphaël (França). Fistulas tuberculosas múltiplas. 41 anos em 11-10-1930. Coutances 05-08-1958.

43. Irmã Marie-Marguerite, (Françoise Capitaine), de Rennes (França). Abscesso do rim esquerdo com edema e crises cardíacas. 64 anos em 22-01-1937. Rennes 20-05-1946.

44. Srta. Louise Jamain, (Sra. Maître), de Paris (França). Tuberculose pulmonar, intestinal e peritoneal. 22 anos em 01-04-1937. Paris 14-12-1951.

45. Sr. Francis Pascal, de Beaucaire (França). Cegueira e paralise dos membros inferiores. 3 anos 10 mois em 31-08-1938. Aix-en-Provence 31-05-1949.

46. Srta. Gabrielle Clauzel, d’Oran (Algérie). Espondite reumatica. 49 anos em 15-08-1943. Oran (Algeria) 18-03-1948.

47. Srta. Yvonne Fournier, de Limoges (França). Síndrome de Leriche. 22 anos em 19-08-1945. Paris 14-11-1959.

48. Sra. Rose Martin, (nascida Perona), de Nice (França). Câncer no colo do útero. 46 anos em 03-07-1947. Nice 17-03-1958.

49. Sra. Jeanne Gestas, (nascida Pelin), de Bègles (França). Perturbações dispépticas com acidentes pós-operatórios. 50 anos em 22-08-1947. Bordeaux 13-07-1952.

50. Srta. Marie-Thérèse Canin, de Marseille (França). Mal de Pott e peritonite tuberculosa. 37 anos em 09-10-1947. Marselha 06-06-1952.

51. Srta. Maddalena Carini, de San Remo (Itália). Peritonite tuberculose, tuberculose pleural, pulmonar e óssea com artrite coronária. 31 anos em 15-08-1948. Milão (Itália) 02-06-1960.

52. Srta. Jeanne Frétel, de Rennes (França). Péritonite tuberculosa. 34 anos em 08-10-1948. Rennes 20-11-1950.

53. Srta. Théa Angele, (Irmã Maria-Mercedes), de Tettnang (Alemanha). Esclerose em placas havia seis anos. 20 anos em 20-05-1950. Tarbes-Lourdes 28-06-1961.

54. Sr. Evasio Ganora, de Casale (Itália). Doença de Hodgkin. 37 anos em 02-06-1950. Casale (Itália) 31-05-1955.

55. Srta. Edeltraud Fulda, (Sra. Haidinger), de Viena (Áustria). Doença de Addison. 34 anos em 12-08-1950. Viena (Áustria) 18-05-1955.

56. Sr. Paul Pellegrin, de Toulon (França). Fístula pós-operatória de um abscesso do fígado. 52 anos em 03-10-1950. Fréjus-Toulon 08-12-1953.

57. Irmão Léo Schwager, de Friburgo (Suíça). Esclerose em placas havia cinco anos. 28 anos em 30-04-1952. Genebra (Lausanne) Friburgo (Suíça). 18-12-1960.

58. Sra. Alice Couteault, (nascida Gourdon), de Bouille-Loretz (França). Esclerose em placas havia três anos. 34 anos em 15-05-1952. Poitiers 16-07-1956.

59. Srta. Marie Bigot, de La Richardais (França). Cegueira, surdez e hemiplegia. 31 anos em 08-10-1953 e 32 anos em 10-10-1954. Rennes 15-08-1956.

60. Sra. Ginette Nouvel, (nascida Fabre), de Carmaux (França). Doença de Budd-Chiari. 26 anos em 21-09-1954. Albi 31-05-1963.

61. Srta. Elisa Aloi, (Sra. Varacalli), de Patti (Itália). Tuberculose osteoarticular com fístulas múltiplas. 27 anos em 05-06-1958. Messina (Itália) 26-05-1965.

62. Srta. Juliette Tamburini, de Marselha (França). Osteoperiostite femoral com fístula havia 10 anos. 22 anos em 17-07-1959. Marselha 11-05-1965.

63. Sr. Vittorio Micheli, de Scurelle (Itália). Sarcoma do quadril. 23 anos em 01-06-1963. Trento 26-05-1976.

64. Sr. Serge Perrin, de Lion d’Angers (França). Hemiplegia direita com lesões oculares, perturbações circulatórias. 41 anos em 01-05-1970. Angers 17-06-1978.

65. Srta. Delizia Cirolli, (Sra. Costa), de Paternò (Itália). Sarcoma de Ewing no joelho esquerdo. 12 anos em 24-12-1976. Catania (Itália) 28-06-1989.

66. Sr. Jean-Pierre Bély, de La Couronne (França). Esclerose em placas. 51 anos em 09-10-1987. Angoulême 9-02-1999.

67. Srta. Anna Santaniello, Salerno (Itália) Descompensação cardíaca resultante de reumatismo articular agudo 41 anos em 19-08-1952. Salerno (Itália) 21-09-2005 .

Curas milagrosas de Lourdes: depoimento de um especialista


Palco de grandes milagres ainda em nossos dias, a pequena cidade francesa de Lourdes, nos contrafortes dos Pireneus, foi o lugar escolhido por Nossa Senhora para aparecer, em 1858, à camponesa Santa Bernadete Soubirous. O que entende a Igreja Católica por cura milagrosa? Quais os critérios empregados para que se reconheça oficialmente uma cura?
A essas e outras questões responde um profundo conhecedor do assunto: o médico responsável do Bureau Médical de Lourdes, Dr. Patrick Theillier.
Formado pela Faculdade de Lille, no norte da França, especialista do aparelho digestivo, trabalhou na Cooperação Militar no Marrocos como Médico Responsável do Hospital de Targuist. Foi professor de cursos de Homeopatia na Universidade de Lille e é detentor de diplomas de Medicina do Trabalho Agrícola, Acupuntura e Homeopatia. Desde abril de 1998 é o médico permanente do Santuário de Lourdes, Presidente da Association Médical International de Lourdes (AMIL) e redator-chefe do Boletim da AMIL (trimestral de 10.000 assinantes, divulgado em cinco línguas). Autor de dois livros: Une nouvelle approche biomédicale des maladies chroniques: l’endothérapie multivalente (juntamente com o Doutor Michel Geffard), publicado em 2000 por F-X de Guilbert; e Et si on parlait des miracles..., editado em 2001 por Presses de la Renaissance, Paris, traduzido em Portugal com o título E se falássemos sobre... Milagres? pela editora Sopa de Letras.
O Dr. Theillier recebeu nosso enviado especial, Sr. Miguel da Costa Carvalho Vidigal, no próprio Consultório Médico de Lourdes, para esta entrevista, mediante a qual podemos constatar, uma vez mais, a ocorrência do sobrenatural através da água de Lourdes.

“Devo estudar, com todos os médicos que passam por Lourdes, uma causa da cura apresentada, que possa ser natural ou terapêutica. No total, devo dar a volta na questão, para depois propor tal cura á Igreja”

Catolicismo — O Sr., como responsável pelo Consultório Médico de Lourdes, poderia explicar aos leitores de Catolicismo o trabalho que realiza aqui?

Dr. Patrick TheillierInicialmente, o trabalho consiste em receber os peregrinos, os doentes, que supõem ter sido beneficiados por uma graça de cura por intercessão de Nossa Senhora de Lourdes. São eles próprios que o dizem e vêm testemunhar esse fato. Eu anoto e procuro investigar se existe a possibilidade de que essa cura seja reconhecida como milagrosa. É a primeira etapa. A segunda, nos casos que me parecem mais probatórios, inicio uma pesquisa médica, recolhendo todos os documentos anteriores à cura, que é o mais importante e o mais complicado; e os posteriores, para estar bem seguro de que ela realmente existiu. Devo estudar, com todos os médicos que passam por Lourdes, uma causa dessa cura que possa ser natural ou terapêutica. No total, devo dar a volta em torno da questão, para depois propor tal cura à Igreja, a fim de que Ela reconheça o milagre.
O trabalho em meu consultório, que coincide com o tempo entre a declaração voluntária e espontânea daquele que foi curado e o reconhecimento da Igreja, é ao mesmo tempo médico e científico.

Catolicismo — Quantos médicos fazem parte desse Consultório? Como ele funciona?

Dr. Patrick TheillierEu sou o único médico de plantão, mas todos os médicos que passam por Lourdes podem participar desse trabalho. Eu edito uma pequena revista, “Boletim da AMIL”, que é enviada a todos os médicos profissionais da saúde que desejam e aos inscritos nessa associação. Ela tem a tiragem de 10 mil exemplares, em cinco línguas, e é enviada a 75 países.


“É bom saber que o número de curas declaradas pela medicina é 100 vezes maior do que as reconhecidas pelas autoridades eclesiásticas. Sempre aparecem casos novos, e tenho sempre mais ou menos cinqüenta casos para estudar. São as curas que foram declaradas nos últimos 10 ou 12 anos e que me parecem sérias”

Catolicismo — Somente médicos católicos fazem parte?

Dr. Patrick TheillierQualquer médico pode entrar na associação, desde que esteja interessado e que não tenha mau espírito. Não pergunto a religião deles. Muitos médicos vêm aqui, evidentemente a grande maioria é católica, mas não obrigatoriamente praticantes. Eles vêm igualmente para fazer pesquisas ou simplesmente com uma finalidade humanitária para ajudar os doentes.

Catolicismo — Desde quando existe esse Consultório Médico?

Dr. Patrick TheillierO Consultório Médico de Lourdes existe desde os anos 1880, há mais de 120 anos! Passaram por aqui 12 médicos responsáveis. Eu sou o décimo segundo. Mas a história da medicina em Lourdes data das aparições. Foi o médico de Santa Bernadete, o Doutor Douzous, que assistiu a várias aparições e também a examinou, juntamente com outros médicos, para ver se ela era sã de corpo e espírito. Este consultório começou realmente nessa época, mas logo ocorreram algumas curas, já durante a época das aparições. O bispo da época, Dom Laurence, logo após o final das aparições, havia estabelecido uma primeira comissão médica, sob a égide do Dr. Vergès, professor de medicina termal em Montpellier, para fazer as primeiras constatações e o primeiro trabalho de reconhecimento. Deste modo, o Dr. Vergès estudou todos os primeiros casos durante os três primeiros anos. Isso levou Dom Laurence a reconhecer, em 18 de fevereiro de 1862, as aparições de Lourdes, baseando-se evidentemente no testemunho de Santa Bernadete, que era fundamental, mas também nas curas ocorridas desde então e já reconhecidas pela medicina. Foram estudados e transmitidos a Dom Laurence mais ou menos 40 casos. Ele reteve sete, que foram assim os primeiros sete milagres de Lourdes.

Catolicismo — Qual foi o primeiro milagre reconhecido oficialmente?

Dr. Patrick TheillierO primeiro milagre foi o de Catherine Latapie, que era uma mulher de 38 anos. Ela tinha dado à luz quatro filhos, dois já haviam morrido. Na noite de 28 de fevereiro para o dia 1º de março 1858, sentiu a necessidade de vir à Gruta de Massabielle [nome da gruta onde Nossa Senhora apareceu].
Dois anos antes, ela caíra de uma árvore e tinha uma paralisia cubital no braço direito, que a atrapalhava enormemente em suas atividades. Além disso, ela estava grávida. Apesar disso tudo, não hesitou em vir durante a noite para assistir à aparição que aconteceu naquele dia — a décima segunda. Quando tudo tinha terminado, ela subiu na gruta, pois naquela época era preciso escalar um pouco. E encontrou a fonte em que, três dias antes, Nossa Senhora tinha pedido a Santa Bernadette para lavar-se. A Sra. Latapie colocou a mão, e logo em seguida ficou com o uso completo do braço direito. Partindo de volta a pé para casa, a seis quilômetros da gruta, ela sentiu as dores do parto e deu à luz um filho que se chamou Jean-Baptiste. Mais tarde ele tornar-se-ia padre.


Catolicismo — Quantos milagres foram reconhecidos até hoje?

Dr. Patrick TheillierSessenta e seis milagres foram reconhecidos oficialmente pela Igreja. Seria bom explicar que é sempre o bispo da diocese, da qual vem a pessoa que foi curada, que reconhece o milagre. Portanto, não é o Papa nem o Vaticano, e tampouco o bispo da diocese de Tarbes-Lourdes. Pelo mundo inteiro, o bispo local é quem recebe o dossiê reconhecido pela medicina.
No entanto, é bom saber que o número de curas declaradas pela medicina é 100 vezes maior do que as reconhecidas pelas autoridades eclesiásticas. Apenas uma cura sobre 100 declarações, em média, é reconhecida de modo oficial.


“Enquanto médico católico, creio que em cada ser humano existe uma dimensão espiritual que é inerente à natureza humana. Considero que a cura física é um sinal da benevolência e da misericórdia de Deus em relação ao doente, ao pecador, mas que não acontece sem uma cura interior”

Catolicismo — Existem casos recentes?

Dr. Patrick TheillierClaro, sempre aparecem casos novos. Sempre tenho mais ou menos cinqüenta casos para estudar. São as curas que foram declaradas nos últimos 10, 12 anos, e que me parecem sérias. Necessito estudar alguns casos de câncer, por exemplo. Mas há uma dificuldade quanto ao câncer. É uma doença que obrigatoriamente é tratada logo. Assim, é preciso distinguir aquilo que poderia ser considerado um tratamento, na origem da cura. É um longo trabalho que necessita tempo, estudos. É preciso comparar com outras eventuais curas ocorridas no mundo. Dessa forma, novas declarações aparecem sempre.

Catolicismo — Quanto tempo pode levar para estudar e reconhecer um milagre?

Dr. Patrick TheillierNo mínimo cinco anos, já que não se fala de cura na medicina antes disso. Mas, em geral, de 10 a 12 anos. Recebo mais ou menos 35 declarações por ano, e destas, entre três e cinco serão objeto de uma pesquisa.

Catolicismo — Como o Consultório toma contato com as pessoas curadas?

Dr. Patrick TheillierNós aguardamos as solicitações. São as pessoas que tomam contato voluntariamente, seja por telefone, pessoalmente, ou então por correio postal ou eletrônico, tudo é possível. Há casos também de pessoas que foram curadas somente rezando a Nossa Senhora de Lourdes, sem nunca terem vindo orar diante da Gruta.

Catolicismo — Há um tipo de cura mais freqüente que outros?

Dr. Patrick TheillierNão. Existem todos os cenários possíveis, todos os tipos de doenças.

Catolicismo — Quando se vem a Lourdes, pode-se ler e escutar em vários lugares que “o milagre maior que se produz diante da Gruta, ou durante a peregrinação, é o milagre na alma, mais do que o do corpo”. Como o Sr., enquanto médico católico, sente isso?

Dr. Patrick TheillierEnquanto médico católico, creio que em cada ser humano existe uma dimensão espiritual que é inerente à sua natureza. Somos criados à imagem e semelhança de Deus, existe em nós uma fonte de vida eterna. Considero que a cura física é um sinal da benevolência e da misericórdia de Deus em relação ao doente, ao pecador, mas que não acontece sem uma cura interior.
No Evangelho, todas as curas são sempre acompanhadas de uma cura interior: “Vai, tua Fé te curou”; “A partir de agora não peques mais”, e assim por diante. É, portanto, cura que é sinal de um restabelecimento total da pessoa. Acredito que em Lourdes é assim. A cura física é a única visível, a única sobre a qual podemos nos debruçar, trabalhar, estudar e precisar, mas todas as curas físicas tocam a pessoa em toda a sua dimensão, seja ela física, psíquica ou espiritual. Posso dizer-lhe que uma pessoa que vive uma cura divina – pois a cura milagrosa é uma cura divina – não esquece nunca, representa algo muito forte na sua existência, há um antes e um depois, isso a toca profundamente.
Essas curas físicas são as únicas visíveis, mas elas devem ser vistas como um sinal das curas invisíveis que têm lugar aqui, e que são talvez mais numerosas e importantes: as curas do coração, da alma, a cura do pecado, a reconciliação com Deus, com os outros e consigo mesmo.
É preciso entender como uma cura interior, uma cura de todas as feridas que nós acumulamos durante nossa existência, e que naquele momento particular precisam ser tratadas e curadas. Assim, acredito que não se pode apenas fixar o lado “prodigioso” do milagre físico — freqüentemente maravilhoso, claro — mas procurar o sentido que está escondido atrás dele, que é a cura interior.

Catolicismo — As pessoas que foram curadas em Lourdes também têm a percepção disso?

Dr. Patrick TheillierNarro-lhe a história de um senhor de 67 anos, que veio aqui contar-me uma cura que ele obteve em 1963, exatamente há 40 anos, mas que ele nunca esqueceu.
Durante o serviço militar na Argélia, ele foi atingido por uma doença chamada sacro-coxalgia tuberculosa. Propuseram-lhe de vir a Lourdes, quando ele já estava havia vários meses no Hospital Militar de Bordeaux, repatriado por causa da doença. É preciso dizer que ele tinha sido declarado, pelo sistema de saúde francês, como 100% inválido, beneficiando-se com a aposentadoria correspondente a isso. Chegando aqui, sugeriram-lhe ir banhar-se nas águas de Lourdes. Ele aceitou, mas como havia um gesso de seu pescoço até os pés, impossível de ser retirado, foi apenas aplicada do lado de fora do gesso, no local dolorido, uma esponja umedecida.
Quando ele voltou ao hospital de Bordeaux e tiraram a radiografia, à qual ele se submetia a cada três semanas, todo mundo ficou surpreso de ver que a sacro-coxalgia estava completamente curada. Ele pôde voltar para casa, mas nunca esqueceu o milagre. Apesar de ter vivido no Haiti, no Chile e em Ruanda, a cada dois anos ele vinha em peregrinação agradecer a Nossa Senhora de Lourdes com toda sua família. Entretanto, ele nunca tinha vindo ao consultório. Só depois que ele me viu na televisão, veio aqui para descrever, com enorme emoção, a sua história. Foi obrigado diversas vezes a parar, de tanto que chorava ao contar aquilo que tinha vivido 40 anos antes, com pouco mais de 20 anos de idade.


Catolicismo — Alguma cura tocou-lhe especialmente?

Dr. Patrick TheillierPara ser sincero, todas as curas me tocaram. A que me sensibiliza mais especialmente é sempre a última. Por quê? Simplesmente porque todas as curas são maravilhosas. Pode-se sentir que as pessoas que foram curadas passaram por algo de sobrenatural, de muito forte. Elas são tocadas por alguma coisa que ultrapassa a natureza, é uma experiência fundadora em suas vidas. E tudo isso é muito emocionante, não há uma mais bela do que outra: todas elas o são.

Catolicismo — Houve casos de médicos que, vindo a Lourdes, se converteram após constatar um milagre?

Dr. Patrick TheillierSim, por exemplo o Doutor Aléxis Carrel [Prêmio Nobel de Medicina, 1912] que tinha acompanhado uma doente realmente grave, pois ela estava em estado de coma terminal de uma tuberculose generalizada. Ele assistiu, diante da Gruta, essa doente como que “ressuscitar”. Foi uma cura extraordinária, mas ele não podia admitir devido à sua formação positivista. Entretanto, no fim da vida, quando ele morreu, foi encontrado um manuscrito, no qual conta sua viagem a Lourdes e reconhece ter assistido a um milagre.

Catolicismo — O médico responsável por esse Consultório, na época do escritor Émile Zola, manteve uma polêmica com este, não é verdade?

Dr. Patrick TheillierCom efeito, Zola veio aqui no fim do século XIX, interessado em conhecer, pois falava-se muito de tudo o que se passava em Lourdes. O Dr. Boissarie, um dos meus predecessores, abriu todas as portas do Consultório Médico, e o escritor teve a possibilidade, durante o tempo em que esteve aqui, de assistir a duas verdadeiras curas milagrosas de duas jovens, de quem temos os registros em nosso Consultório até hoje.
Voltando a Paris, Zola escreveu seu livro sobre Lourdes, onde ele conta de um modo impecável esses dois milagres. O problema é que ele transformou a realidade, dizendo que as duas tiveram uma recaída e morreram de suas doenças, o que é absolutamente falso.
O Doutor Boissarie foi a Paris vê-lo, em uma conferência aberta ao público, e interpelou Zola, mostrando que ele tinha modificado a realidade. O escritor respondeu que ele era um romancista, que tinha o direito de colocar o que bem entendesse em seus livros...
Na verdade, as duas meninas foram realmente curadas de suas doenças, nunca tiveram recaídas e eram idosas quando morreram. Sempre é possível modificar a realidade, quando não se quer acreditar. É a liberdade humana...

Catolicismo — Em seu ponto de vista, qual é o sentido dessas curas?

Dr. Patrick TheillierAcredito que a cura é para todos, não somente reservada a alguns. Caso contrário, seria injusto; poder-se-ia perguntar: por que alguns se curam e outros não?
Somos todos chamados a ser curados, cedo ou tarde, das nossas feridas, dos nossos pecados. É preciso viver na esperança e entender que Deus nos ama, que Ele não está na origem do mal, da doença ou da invalidez. Caso contrário, viveremos como revoltados. É preciso entender que Ele sofreu e deu a sua vida por nós e nos salvou. O mais importante é a saúde espiritual, é preciso ver essas curas físicas dentro de uma perspectiva de eternidade, como uma antecipação da ressurreição do nosso corpo.


Revista Catolicismo de julho/2003