segunda-feira, 6 de setembro de 2010

SENHORA MARIE BIRÉ - milagre reconhecido n. 37

Uma cura de cegueira é sempre emocionante. A Senhora Biré, de Luçon, trabalhadora no campo, mãe de seis crianças, levantou-se uma manhã não para a luz, mas para a total escuridão.
Durante muito tempo vinha tendo violenta dor de cabeça, hemorragias do estômago e tonturas esquisitas. Ela sabia que se encontrava gravemente enferma. Mas nunca lhe tinha passado pela mente isso: Cegueira!
O médico procurou confortá-la em seu desespero. Talvez fosse apenas temporárias. Este casos davam-se de vem em quando, eram conhecidos por "cegueira nervosa". "O delicado mecanismo do olho sensível a distúrbios internos, tensões, etc."
Após o exame a voz do médico tornou-se grave, pausada. - Lamento dizer-lhe, mas os nervos óticos estão completamente arruinados de ambos os lados. Sinto informá-la de que para esses casos não há melhora, nem cura.
Em suas anotações o Dr. Hibert afirmava: "Reflexos luminosos completamente destruídos. Cegueira proveniente de dupla atrofia papilar".
As papilas são discos óticos nas extreminadades dos nervosóticos, normalmente, uma rede de fortes fibras finas, de bonita cor vermelho-alaranjada. No caso da Senhora Biré elas estavam cinzento-esbranquiçadas e gastas, restanto um mero fio.
Seu médico afirmou-lhe que o próprio mecanismo da visão estava destruído.
Como você se sentiria? Como é que qualquer um se sentiria? Pessoa que vivia de seu trabalho, com crianças, com dificuldades monetárias, além de tudo cegueira.
A Senhora Biré piorou rapidamente. O distúrbio emocional trouxe-lhe mais fortes hemorragias. Estava impedida de ingerir alimentos, vômitos contínuos e desnutrição acarretaram-lhe uma fraqueza perigosa. Esta situação perdurou por seis meses. Sua família e o Dr. Hibert estavam profundamente preocupados.
Finalmente ela decidiu acompanhar os peregrinos de Vendéia para Lourdes. Seu médico e sua filha mais velha acompanharam-na.
No trem, durante a noite, teve longas crises de desfalecimentos e chegou a Lourdes em estado grave.
De manhã levaram-na para os banhos, mas a multidão era tão grande que ela teve de voltar para a Gruta, onde ficou por algum tempo, em seu carrinho de doente, orando com os outros enfermos.
A missa terminou às 10:15 e a Hóstia Sagrada foi levada de volta para a Igreja do Rosário. Quando o padre passava por perto, a Senhora Biré inesperadamente levantou-se e disse numa voz quase inaudível. - Ah! Vejo a Virgem Santíssima. E caiu de novo no carrinho, desmaiando. Um pequeno filete de sangue saiu-lhe dos lábios. Sua filha pensou que estivesse morrendo.
Mas a Senhora Biré recuperou os sentidos, viu a imagem da Virgem lá no nicho e disse que a Virgem estava menos branca e reluzente do que da primeira vez, mas podia ver.
Muitas pessoas reuniram-se em torno dela. Foi levada para a Corporação Médica, levando consigo o atestado do Dr. Hibert que certificava sua completa cegueira nos meses anteriores.
Diversos médicos examinaram-na, entre eles o Dr. Lainey, um oculista de Ruão, que deixou o seguinte relatório na Corporação:
O exame dos olhos com o oftalmoscópio mostrou em ambos os lados uma papila branco-opalina, desprovida de cor. As veias e artérias, repuxadas para um lado, estavam finas como um fio. O diagnóstico era claro: atrofia branca do nervo ótico, de causa cerebral. Esta, uma das mais graves infecções, é tida por todas as autoridades médicas como incurável. Mas a Senhora Biré tinha recuperado a vista aquela manhã. Podia ler as menores letras, e enxergava perfeitamente também a distância.
Ela recuperara a vista mas as lesões ficaram, desaparecendo pouco depois.
Dez médicos fizeram um segundo exame no dia seguinte, constatando: o órgão ainda atrofiado e sem vida, a vista clara e perfeita.
Seguiu-se um volumoso e rigoroso interrogatório, com muitas palavras científicas que a paciente não entendia.
- Como é que a senhora pode ver se não tem papilas? um dos médicos perguntou impaciente.
- Peço perdão, a Virgem Santíssima deu-me algumas - replicou a Senhora Biré com espírito. - Ouçam, senhores, eu não estou familiarizada com seus longos e sábios vocábulos. Tenho só uma coisa a dizer, e disse-a com termos quase bíblicos: Quase seis meses eu não vi. Não pidia ver ainda ontem cedo, e agora posso ver. Isto é bastante para mim.
Tinha de ser o suficiente também para os inquiridores. Eles reconheceram que a cura foi completa. O futuro diria se permanente.
Um mês após seu retorno para o lar a Corporação Médica pediu à Senhora Biré para ir a Poitiers onde três especialistas, entre eles o Dr. Rubbrecht, um oculista belga, a examinaram. A Corporação queria saber se ela ainda estava vendo com olhos "mortos". o Dr. Rubbrecht verificou que o fenômeno tinha cessado.
"Todos os traços da atrofia papilar desapareceram", escreveu. "Não há mais nenhuma lesaõ, e a cura é completa."
Desde o momento da cura a Senhora Biré podia alimentar-se normalmente; logo recuperou suas forças. Durante o ano seguinte aumentou seu peso de 23 quilos, podia fazer todo o serviço da casa e sentia-se perfeitamente bem.
Um ano após voltou a Lourdes. O Dr. Lainey examinou-a outra vez. Achaou os olhos normais e a vista perfeita. Anotou: - "A Senhora Biré está gozando ótima saúde." O presidente da Corporação, Dr. Vallet, viu-a vinte anos mais tarde. Sua vista estava ainda excelente. E uma Comissão Canônica, após longas diligências declarou o seu caso como uma das curas milagrosas da Igreja.
O belga Dr. Mariaux, discutindo este caso na sede da Corporação Médica, disse: "A volta instantânea da vista e a recuperação do nervo ótico esclerosado é um fato absolutamente inexplicável sob o ponto de vista clínico." Todos os médicos que estudaram o fenômeno foram unanimemente da mesma opinião.
Em dois desenhos depois fotografados o Dr. Lainey mostrou os olhos da Senhora Biré como estavam quando do primeiro ano em que a examinou e depois no segundo.
Um médico americano, Dr. J. Arthur Reed, de Pasadena, Califórnia, que recentemente operou meus olhos, disse ao ver o relatório e o desenho da Corporação Médica: "Este caso é inexplicável pela ciência. Empenhe-se em publicá-lo. Qualquer oftalmologista se pasmaria diante dessa cura. Casos de atrofia ótica como este na fotografia são destituídos de esperança."





Cranston, Ruth. O Milagre de Lourdes. São Paulo: Melhoramentos. s.d. pp. 26-29.

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